coleção de sentimentos
A série "Coleção de Sentimentos" surgiu como consequência de um momento de recolhimento e reflexão forçado, advindo do distanciamento social necessário em período de quarentena. A retirada da liberdade e o medo constante, impostos pela pandemia de Covid-19, fizeram com que Leila Kelly mergulhasse em si mesmo, buscando compreender os mais variados sentimentos gerados por essa situação.
As linhas do real e surreal se confundem,; os limites entre o eu e o outro ficam borrados. Os sentimentos indomáveis se misturam a cada cômodo do espaço físico doméstico, ora protegendo, ora sufocando, criando uma dinâmica complexa e por muitas vezes dolorosa a cada variação.
É na inconstância do nosso tempo, que é emergido a obra, pedindo para enxergar essas comoções por outra demanda, a demanda da plasticidade.
Então, qual a plasticidade de cada sentimento? Que cor teria um específico estado emocional? É possível materializar uma sensação? Tais perguntas guiam a artista durante todo o processo criativo.
É através da cor que a obra se expressa. As composições, agradáveis ou não, exteriorizam os sentimentos e sensações de Leila. A escolha do formato "Polaroid", como em registros fotográficos, tem a intenção de estabelecer uma relação com a memória e a materialização de um momento - a captura do estado emocional daquele instante. A produção traz o espectador como testemunha de momentos íntimos da artista. Essas emoções, agora materializadas, ganham autonomia e podem, por si só, causar novas reações. A troca íntima entre artista e observador gera vínculo emocional, provocando novas lembranças, sensações e emoções.
O trabalho é realizado com aquarela e anilina sobre papel Canson Montval, 300g/m², dimensão de 10,5cm x 7,4cm. A série, que ainda está em desenvolvimento, já conta com 70 peças e podem ser organizados de formas diferentes, criando inúmeras novas emoções e sentimentos.